Debate discute os impactos econômicos dos eventos e os desafios da expansão

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“O evento informa, educa, mostra, estabelece e identifica”, afirmou Marisa Canton, da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, na abertura do seminário Eventos como Alavanca da Economia, realizado nesta sexta-feira (07) pelo Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), no Rio de Janeiro.

Canton falou sobre facetas, impactos e oportunidades do setor e lembrou que há muito tempo os eventos estão presentes na vida da sociedade, mostrando a importância dos cerimoniais para as mais diferentes civilizações em todas as épocas. “Os eventos surgem e refletem os valores da sociedade e em seguida refletem sobre ela, ou seja, também estabelecem novos comportamentos na sociedade”, avaliou.

Acompanhar, entender os desafios e agir

Destacar a importância de enxergar o segmento como estratégico, que “mobiliza pessoas, economias e cidades”, como disse Marisa Canton, não foi uma observação só da especialista. “O setor lida constantemente com desafios, dada a própria natureza do segmento. Por isso, um melhor entendimento sobre o mercado é essencial para sobrevivência e expansão dos eventos”, explicou o presidente do Cetur/CNC, Alexandre Sampaio.

A abertura do seminário contou ainda com um rápido “bate-bola” sobre a atuação dos conventions bureaux brasileiros. Para Michael Nagy, diretor do Rio Convention & Visitors Bureau, o mercado está aquecido e é preciso olhar para o futuro. “Temos que valorizar isso. Dados mostram que 66% do turismo nacional concentra-se no Rio de Janeiro”, disse. “Em 2017, houve aumento de 0,6% em relação a 2016, ano olímpico”, completou. Segundo Nagy, é preciso planejamento estratégico para explorar o potencial dos destinos, incluindo captação de eventos, capacitação de funcionários e divulgação do local.

Toni Sando, presidente executivo do Visite São Paulo e Unidestinos, explicou que os conventions “embalam as coisas boas dos destinos, mostrando atributos que possam convencer mais gente a vir para a cidade”. ”Um evento é muito mais que um centro de convenções, pois é da inteligência que vem a estrutura”afirmou.

Ferramenta de resgate econômico e de imagem para as cidades

Durante o seminário, foram apresentados cases de eventos que promovem  nas localidades movimentação econômica, turismo e visibilidade tanto nacional quanto internacional. A mediadora dos painéis, Andréa Nakane, consultora e sócia-diretora da Mestres da Hospitalidade, lembrou que no passado não havia cursos e especializações em eventos. “Essa indústria tem um poder incontestável. É um mercado que merece atenção”, ressaltou.

Já Rogério Rizzardi, coordenador-geral do Show Rural Coopavel, mostrou como um evento que há 30 anos teve, em sua primeira edição, apenas 110 participantes, hoje, totaliza mais de 3 milhões de visitantes, sendo 260 mil só na edição de 2018. “O público presente até hoje é dez vezes maior que a população de Cascavel, cidade onde acontece o evento. Realizamos mais de 1,5 mil palestras técnicas e apresentamos mais de 5 mil experimentos aos participantes a cada ano”, comemorou.

Rafael Lazarini, sócio e CEO da Rio Creative Conference – Rio2C, evento que surgiu da expansão do Rio Content Market, comentou que a indústria de entretenimento ainda está engatinhando no Brasil, mas frisou que, para um evento ter resultado, repercussão e números positivos, é preciso ter afinidade com o destino. “Na primeira edição do Rio2C, tivemos mais de 300 horas de conteúdo e ultrapassamos R$ 200 milhões de negócios gerados”, afirmou.

Outro exemplo de sucesso apresentado no seminário foi o da cidade de Gramado. Edson Nespolo, diretor presidente da Gramadotour, disse que a integração entre poder público, iniciativa privada, trade turístico e comunidade é fundamental para o sucesso de um evento.

Ele apresentou o calendário de eventos da cidade, pensado para manter a ocupação do destino durante todo o ano. Entre eles destaque para o Natal Luz, que reúne 2 milhões e meio de pessoas ao longo de 80 dias, e que, mesmo em período de crise, a Gramadotur vai aumentar em 35 os investimentos na decoração. Ou ainda, o Festival de Cinema de Gramado, criado para aumentar a ocupação da cidade. Hoje, o festival completa 46 anos e projetou o destino internacionalmente.

“Nossa cidade tem apenas 30 mil habitantes e recebe 5 milhões de visitantes por ano. Todos se envolvem, lojistas, comércio, entidades e comunidade”, afirmou. Sobre o futuro, Nespolo adiantou projetos que serão inaugurados na cidade, como o Festival de Música Clássica, enfatizando o interesse também no turismo para a terceira idade, público em expansão no Brasil.

Eventos no contexto da hospitalidade e do turismo

Doutora em Comunicação, Maria Helena Carmo dos Santos falou sobre o legado social e econômico dos megaeventos e a reconfiguração das cidades, lembrando alguns pontos do Rio de Janeiro diante dos eventos esportivos que aconteceram na cidade nos últimos anos. “A Praça Mauá, por exemplo, era apenas um lugar de passagem e passou a ser um espaço de convivência.”

O CEO da Four Event, Andrés Eduardo von Simson, trouxe para o debate a “hospitalidade e experiência como protagonistas dos eventos”. Falou sobre casos de sucesso e insucesso e alertou: “Para melhorar a experiência, é preciso atenção aos detalhes. São eles que levam ao sucesso”.

Encerrando os painéis, Camilo D’Ornellas falou sobre a segurança em grandes eventos. Para ele, cada evento precisa de desafios, estratégias e decisões. “É preciso criar uma nova ideia do que é segurança para cada evento. Os cenários são convergentes, e a segurança não pode ficar de fora dessa convergência”, avaliou.

O seminário Eventos como Alavanca da Economia é o primeiro de quatro encontros da série Turismo – Eventos em Debate, que vai discutir, ao longo de 2018, os impactos desse setor na economia e os incentivos necessários à sua expansão. Os próximos encontros da série acontecerão nos dias 8 de agosto, 10 de outubro e 6 de dezembro na CNC, no Rio de Janeiro.

Assessoria de Imprensa