Samba-enredo da Mangueira homenageará Marielle Franco

Cotidiano Destaque
“Canção para ninar gente grande” é o nome do samba-enredo que será usado pela escola Estação Primeira da Mangueira no desfile do Carnaval 2019. A composição divulgada neste sábado, 13, propõe recontar a história do Brasil, desde 1500. Citando nomes de pessoas conhecidas pela luta por direitos sociais, o enredo fala que é “vez de ouvir” as “Marielles”, em referência ao caso da vereadora do Rio de Janeiro assassinada em março deste ano.
O samba foi escolhido em uma competição com comissão julgadora composta também pelo presidente da escola, Chiquinho da Mangueira. Deivid Domênico, Tomaz Miranda, Mama, Marcio Bola, Ronie Oliveira e Danilo Firmino são os compositores do enredo que será tocado na Sapucaí no ano que vem. Tomaz, um dos responsáveis pela letra, comemorou o resultado em seu perfil do Instagram. “Pela memória de Marielle e por toda luta que está por vir. Muito obrigado a todo mundo que se encontrou com a gente na luta por esse samba”, agradeceu.
Além de citar Marielle Franco, a música faz referência a Dandara dos Palmares, guerreira negra que lutava contra a escravidão. Luíza Mahin, líder de revoltas pelos direitos dos negros na Bahia, é outra mulher cantada no enredo. “Eu quero o país que não tá no retrato”, diz o samba, sobre histórias de povos brasileiros que não são discutidas.
Confira o samba-enredo “Canção para ninar gente grande”
“Brasil, meu nego deixa eu te contar;
A história que a história não conta;
O avesso do mesmo lugar;
Na luta é que a gente se encontra.
Brasil, meu dengo a Mangueira chegou;
Com versos que o livro apagou;
Desde 1500, tem mais invasão do que descobrimento.
Tem sangue retinto, pisado;
Atrás do herói emoldurado.
Mulheres, tamoios, mulatos;
Eu quero o país que não tá no retrato.
Brasil, o teu nome é Dandara;
Tua cara é de Cariri;
Não veio do céu nem das mãos de Isabel;
A liberdade é um Dragão no mar de Aracati;
Salve os caboclos de Julho;
Quem foi de aço nos anos de chumbo;
Brasil chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles e Malês.
Mangueira, tira a poeira dos porões;
Ô, abre alas;
Pros seus heróis de barracões;
Dos Brasis que se faz um país de Lecis, Jamelões.
São verde e rosa as multidões”
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